8 de abril de 2010

Morena!..


Morena

Não negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.

Pois eu não gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.

Eu não... mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que não.

Mas olha as violetas
Que, sendo umas pretas,
O cheiro que têm!
Vê lá que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!

Tu és a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
São mais preciosas.

Há rosas dobradas
E há-as singelas;
Mas são todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor;
Mas rosas morenas,
Só tu, linda flor.

E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
Não sei... mas seria
Morena também.

Moreno era Cristo.
Vê lá depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena!

Guerra Junqueiro

7 comentários:

angela disse...

Gracioso poema.
beijos

Unknown disse...

Recordar Guerra Junqueiro é uma lufada de ar fresco e reconfortante.
Difícil, igualar esta simplicidade das palavras musicais que transformam todo o poema numa bela canção.

Jorge disse...

Um belo poema, aos reconhecidos méritos das morenas.
Moreno era Cristo... era isto que retinha na minha memória.
Sempre preferi as morenas, muito embora haja loiras adoráveis.
Um abraço.

Eu disse...

Olá!
Que bom entrar aqui e ler uma poesia tão linda.
Espero que a morena para quem a poesia provalmente está endereçada se encante por ela.

Um abraço carinhoso

ANTOLOGIA POÉTICA disse...

Amei o poema!
Bom dia com poesia!

Beijossssssssssssss

Graça Pereira disse...

Guerra Junqueiro...sempre apetecível!
Um dia dedicaram-me estes versos....talvez por ser morena...outer caído nos encantos de alguém.
Beijo e bom fds
Graça

ErikaH Azzevedo disse...

Tb sou morena e aqui me senti homenageada...pois pois...obrigada!

bjo pra ti menino de sensibilidades

Erikah