27 de março de 2012

Coração é terra que ninguém vê.


Coração é terra que ninguém vê.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei – nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola…
Lancei a boa semente
a gestos largos…
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei…


Cora Coralina

3 comentários:

Graça Pereira disse...

Um poema maravilhoso e por vezes...verdadeiro! às vezes, pensamos que batemos à porta de um coração mas...estamos diante de uma rocha dura e insensível!
Adorei este poema que não conhecia. Obrigada por o teres colocado aqui neste teu espaço, sempre tão bonito.
Beijos
Graça

Jorge disse...

Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar...
Tenha um lindo dia!!!
J

Isa GT disse...

Parece que não se vê, mas vai-se vendo pelas acções do dono ou da dona do coração... uma radiografia completa, difícil de não ficar à vista de todos ;)

Bjos