19 de abril de 2009

Flor de Ventura!...


Flor de Ventura!...

A flor de ventura
Que amor me entregou,
Tão bela e tão pura
Jamais a criou:

Não brota na selva
De inculto vigor,
Não cresce entre a relva
De virgem frescor;

Jardins de cultura
Não pode habitar
A flor de ventura
Que amor me quis dar.

Semente é divina
Que veio dos Céus;
Só n’alma germina
Ao sopro de Deus.

Tão alva e mimosa
Não há outra flor;
Uns longes de rosa
Lhe avivam a cor;

E o aroma... Ai!, delírio
Suave e sem fim!
É a rosa, é o lírio,
É o nardo, o jasmim;

É um filtro que apura,
Que exalta o viver,
E em doce tortura
Faz de ânsias morrer.

Ai!, morrer... que sorte
Bendita de amor!
Que me leve a morte
Beijando-te, flor.

Almeida Garrett

3 comentários:

Palma da Mão disse...

Que lindo, eu não conhecia esta delicia para a alma que Almeida Garret nos preparou, e que pelas suas mãos chega até nós, recheado de carinho, ternura...excelente surpresa, escolha sublime.
Beijinhos
Liliana

Andreia disse...

Que bonito! *

Leonor Varela disse...

Nostalgia...
Palavra que cai no vàcuo do silêncio da noite...
penetrando nas entranhas , jà disformes da razao de viver.
Nostalgia...
Saida de mim...
Indo ao encontro do nada!...
E, se o nada nao existe....entao eu , jà nao existo...
Nostalgia...
De uma existência sem fio...
Estou apenas passando...
UM BEIJO...

Lindo poema o seu adorei
Flor da ventura lindo não tenho palavras